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IBGE VOLTA A ADOTAR O TERMO FAVELA EM CENSOS E PESQUISAS

Instituto vinha usando expressões como ‘aglomerados urbanos’ ou ‘aglomerados subnormais’. A partir de 2022, definição passa a ser ‘favelas e comunidades urbanas’, após demanda de moradores.

O IBGE está substituindo a denominação dos “Aglomerados Subnormais”, adotada pelo instituto em seus censos e pesquisas desde 1991. A nova denominação, que foi discutida amplamente pelo instituto com movimentos sociais, comunidade acadêmica e diversos órgãos governamentais, como a Cufa Brasil (Central Única das Favelas), será “Favelas e Comunidades Urbanas”. Com isso, o IBGE retoma o termo “Favela”, utilizado historicamente pelo órgão desde 1950, junto ao termo “Comunidades Urbanas”, de acordo com identificações mais recentes. Não houve alteração no conteúdo dos critérios que estruturam a identificação e o mapeamento dessas áreas e que orientaram a coleta do Censo Demográfico 2022. Trata-se da adoção de um novo nome e da reescrita dos critérios, refletindo uma nova abordagem do instituto sobre o tema.

“A divulgação dos resultados do Censo 2022 será realizada, no segundo semestre, de forma condizente com os critérios utilizados para a identificação, o mapeamento e a coleta censitária. A nova nomenclatura foi escolhida a partir de estudos técnicos e de consultas a diversos segmentos sociais, visando garantir que a divulgação dos resultados do Censo 2022 seja realizada a partir da perspectiva dos direitos constitucionais fundamentais da população à cidade”, diz Cayo de Oliveira Franco, Coordenador de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE.

Para o presidente da Cufa Goiás, Breno Cardoso, essa conquista não é para celebrar a existência das favelas, e sim para fortalecer as ações que buscam a dignidade e levem oportunidades aos moradores. “Negar a existência das favelas não é o melhor caminho para as transformações e mudanças sociais. E a questão da linguagem vai muito além da semântica é algo que é um instrumento poderoso para mudanças sociais”, afirma Breno.

O presidente defende também que não é pelo fato de não termos os morros tão conhecidos mundialmente das favelas cariocas, que Goiás não tem as suas favelas. “Existem favelas em Goiás como existem no mundo inteiro. E a partir do momento que nós reconhecemos que elas existem, esse é o primeiro passo para que possamos então buscar a transformação e as políticas necessárias para o desenvolvimento desses territórios que sempre foi o nosso objetivo”.

Segundo projeções da ONU-Habitat 2022, cerca de um bilhão de pessoas vivem atualmente em favelas e assentamentos informais, em todo o mundo. Esse número pode estar subestimado, frente às dificuldades de captação dos dados em diversos países e à dinamicidade de formação e dispersão desses territórios.

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