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Por que precisamos ser Antirracistas?
O que define uma favela? Sua localização na periferia geográfica de uma cidade? Sabemos que não, pois há favelas que podem ser vistas a partir das janelas dos carros luxuosos que circulam por ruas prósperas das grandes cidades. Então, poderia se supor que a favela está nos morros? Também não. Em Brasília, uma das maiores favelas do mundo, a favela Sol Nascente, crava a precariedade no planalto central, a poucos quilômetros do centro do poder. Poderíamos então supor que a figura da favela é algo exclusivo das grandes metrópoles, o que também não se confirma. Exemplo disso é a atuação da Cufa em 22 cidades do estado de Goiás.
Porém, se há algo que chama a atenção em qualquer favela é a cor da pele das pessoas que vivem nesses lugares. Mais de 70% da população da favela é preta ou parda. Este dado, por si só, explicaria a agenda que se impõe à Cufa na busca de melhores condições de vida para a população na favela: não há política de desenvolvimento econômico e social que não passe pelo combate ao racismo estrutural.
“No Brasil, a gente não nasce preto, a gente vai se descobrindo preto, quando um coleguinha de escola te chama de macaco, por exemplo”, desabafa Preto Zezé, presidente da Cufa. Além disso, falar em racismo estrutural é tocar numa ferida aberta em nossa sociedade. Afinal, se grande das pessoas admitem que o Brasil é um país racista ao mesmo tempo em que ninguém, absolutamente ninguém, se considera racista, estamos diante de um dilema ético: um racismo que todos sabemos existir, mas ninguém admite praticar. Eis por que não é suficiente apenas não “ser racista”. Mais que isso, faz-se necessário ser “antirracista”, oferecendo oportunidades pedagógicas de se refletir sobre o tema sem tantos pudores.
São inúmeros os dados sobre violência, criminalidade, encarceramento e analfabetismo da população negra no Brasil. Alijados de direitos sociais desde a abolição da escravatura, em que as pessoas da pele preta deixavam de ser “coisas” de seus senhores, foram abandonados à própria sorte vagando por um país cada vez mais hostil a quem trouxesse no sangue a herança africana.
A violência e a discriminação fazem vítimas de pele preta todos os dias, mas chegou o momento de colocar o dedo na ferida. Não para rasgá-la, mas para tentar curá-la. São anos de uma dívida histórica que não será paga com facilidade. Mas é necessário um começo. Este começo passa, obrigatoriamente, pelo reconhecimento da desigualdade a que estão sujeitas as pessoas pretas, e na busca de formas para corrigí-las. A educação de qualidade, políticas inclusivas nas empresas e iniciativas de empregabilidade vão permitir a essas pessoas ocuparem postos de comando, e se tornarem protagonistas da própria história. Para isso nasce a Frente Nacional Antirracista, liderada pela Cufa e apoiada por mais de 600 empresas brasileiras.
Em Goiás, já seguimos articulando parcerias importantes para implementar as ações de correção dessas desigualdades e escrever uma nova história para os pretos brasileiros a partir de agora. No lugar da opressão, miséria e exclusão, queremos o empoderamento, o sucesso e a construção de novas referências em todas as áreas. Muitas novidades estão por vir, 2021 promete ser um ano de muitas conquistas não só para os pretos do Brasil. Mas para toda a população. Afinal, todos temos a ganhar com um país mais justo e verdadeiramente democrático.